Al Jaber e a controvérsia climática da Cop28
Nos últimos meses, Sultão Al Jaber, figura central nas negociações climáticas da Cop28 em Dubai e CEO da empresa petrolífera estatal dos Emirados Árabes Unidos, tem sido foco de intensos debates. Sua posição dual, liderando discussões climáticas e comandando uma grande petrolífera, é defendida por ele como benéfica, facilitando a persuasão de empresas de combustíveis fósseis a adotarem práticas sustentáveis. Essa abordagem ganhou credibilidade com avanços nas negociações preliminares.
Contudo, um relatório publicado pelo The Guardian revelou aspectos preocupantes. Em um evento em 21 de novembro, Al Jaber criticou Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e enviada especial da ONU para o clima, e fez declarações negando a ciência climática. Ele sugeriu que reduzir o uso de combustíveis fósseis levaria o mundo “de volta às cavernas”, afirmação prontamente contestada pela comunidade científica.
Esses comentários geraram reações imediatas. Especialistas em clima ressaltaram a necessidade crítica de abandonar carvão, gás e petróleo, conforme apontado no último relatório do IPCC. Al Jaber tentou esclarecer suas afirmações, dizendo que foram mal interpretadas.
A discussão se estendeu às implicações econômicas das políticas climáticas. Críticos veem tais medidas como economicamente prejudiciais, mas estudos, como um da Deloitte para o Fórum Econômico Mundial, projetam um benefício de 43 trilhões de dólares para a economia global em 50 anos. Além disso, uma comissão de líderes empresariais e financeiros globais identificou a criação potencial de 380 milhões de empregos por meio de medidas climáticas.
Exemplos do Reino Unido e da Finlândia mostram o crescimento econômico possível com a redução de emissões de carbono. Nos EUA, um investimento de 369 bilhões de dólares está sendo direcionado para uma economia mais verde, com a União Europeia seguindo a mesma direção.
A transição dos combustíveis fósseis é urgentemente necessária. Embora insuficiente para manter o aumento da temperatura abaixo de 1,5ºC, a redução de poluentes climáticos de curta duração, como o metano, pode ter resultados rápidos. A recente “cúpula do metano”, uma iniciativa dos EUA, China e Emirados Árabes Unidos, é um avanço positivo.
Apesar das controvérsias, Al Jaber tem um papel importante nesse progresso. Agora, ele enfrenta o desafio de corrigir suas declarações e liderar uma decisão assertiva para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis em Dubai, reconhecendo a complexidade e a urgência da crise climática global.
Com informações do www.theguardian.com