Nova Lei do BPC em 2025 garante benefício a todas as crianças com autismo: veja o que muda, como solicitar e o que fazer se o pedido for negado


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Por Vicente Crispino.

No fim de 2024, o presidente Lula sancionou, com veto, uma lei que reafirma um direito essencial: o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) por crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), sem distinção de grau de suporte. Com a promulgação da Lei 15.077/2024, foi retirado um trecho polêmico que previa a exclusão de pessoas com deficiência leve. Assim, o BPC segue como amparo para as famílias mais vulneráveis.

O que diz a nova lei?

A Lei Berenice Piana (12.764/2012) já reconhecia o autismo como deficiência para todos os efeitos legais. Em 2025, esse direito foi reforçado e ampliado: todas as crianças autistas, inclusive com diagnóstico leve, têm direito de solicitar o BPC, desde que preencham os demais critérios.

Quem tem direito ao BPC?

É necessário:

  • Renda familiar per capita igual ou inferior a 1/4 do salário mínimo (R$ 379,50 em 2025). A Justiça tem permitido exceções, em caso de vulnerabilidade comprovada.
  • Comprovar impedimento de longo prazo (mínimo 2 anos). No caso do autismo, esse critério é automaticamente atendido.
  • Estar inscrito e com dados atualizados no Cadastro Único (CadÚnico).

Biometria e atualização obrigatória

Desde setembro de 2024, é obrigatório o cadastro biométrico do requerente ou de seu responsável legal. Crianças menores de 16 anos estão isentas, mas seus responsáveis devem estar devidamente cadastrados.

A atualização do CadÚnico é exigida a cada dois anos:

  • 45 dias para cidades com até 50 mil habitantes
  • 90 dias para os demais municípios

Documentação necessária

Para solicitar o BPC:

  • RG e CPF de todos os membros da família
  • Certidão de nascimento da criança
  • Comprovante de residência
  • CadÚnico atualizado
  • Comprovantes de renda
  • Laudo médico com CID F84.0 a F84.9, incluindo histórico clínico, limitações funcionais, prognóstico e CRM do profissional

Relatórios de psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos são recomendados.

Como é feita a avaliação?

A análise é feita por uma equipe multiprofissional do INSS. São observados:

  • Grau de funcionalidade da criança
  • Impacto do TEA na comunicação, interação e autonomia
  • Condições socioeconômicas da família

Dica: Descreva com clareza e objetividade as dificuldades da criança. Evite minimizar. Compare com outras da mesma idade, destacando as limitações funcionais no dia a dia.

Como solicitar o BPC

O pedido pode ser feito pelo aplicativo Meu INSS. Nele, é possível anexar documentos e acompanhar o processo. É essencial comparecer à perícia e levar os documentos originais.

Vitória da inclusão, mas com novos desafios

A garantia do BPC para crianças com autismo, independentemente do grau, foi uma conquista do movimento das pessoas com deficiência. A tentativa de excluir casos leves foi vista como um grave retrocesso.

Contudo, o aumento da burocracia exige mais atenção e organização das famílias, que devem buscar apoio especializado, se necessário.

Casos de Sucesso e Jurisprudência

Decisões judiciais recentes têm reconhecido o direito ao BPC para crianças com TEA mesmo quando a renda familiar ultrapassa levemente o limite de 1/4 do salário mínimo. Os tribunais têm analisado a realidade social da família, considerando fatores como:

  • Composição familiar (ex: mães solo ou famílias monoparentais)
  • Gastos comprovados com terapias, medicamentos e transporte
  • Situação de vulnerabilidade social ou exclusão econômica

Esses elementos têm sido decisivos para garantir o benefício mesmo fora do critério econômico rígido.

Flexibilização do critério de renda: decisão do STF

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Repercussão Geral no Recurso Extraordinário 580.963/PR, firmou o seguinte entendimento:

“O critério de renda familiar per capita não pode ser aplicado de forma automática ou exclusiva. A situação de miserabilidade pode ser demonstrada por outros meios.”

Na prática, isso significa que:

  • Mesmo com renda superior ao limite legal, a família pode ter direito ao BPC
  • É necessário comprovar vulnerabilidade concreta, como gastos excessivos com saúde e cuidados especiais
  • A regra da renda não pode ignorar a realidade de quem vive em situação de pobreza funcional

Orientações jurídicas para os pais

  1. Se o pedido for negado:
    Entre com recurso administrativo no próprio INSS. Se houver nova negativa, procure a Defensoria Pública ou um advogado especializado. A Justiça tem concedido o BPC com base nas decisões do STF.
  2. Junte provas adicionais:
    Relatórios detalhados de profissionais de saúde e educação, receitas, recibos, comprovantes de transporte e despesas são essenciais para mostrar a realidade da família.
  3. Evite atrasos:
    Mantenha biometria e CadÚnico atualizados. Famílias que não cumprem esses requisitos correm risco de bloqueio do benefício.
  4. Via judicial é um direito:
    O processo judicial é gratuito para famílias de baixa renda e pode garantir acesso ao benefício com base na jurisprudência do STF.

O BPC não é favor. É um direito constitucional que assegura o mínimo de dignidade a crianças com deficiência em situação de vulnerabilidade.


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