Legalizar a maconha sem estrutura é repetir velhos erros com nova roupa


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Por Vicente Crispino.

No sábado, a 17ª Marcha da Maconha reuniu milhares de manifestantes na Avenida Paulista. Bandeiras tremularam, cartazes exigiram direitos e um lema resumiu o sentimento das ruas: “O Clima Tá Tenso”. E está mesmo. A tensão está nas esquinas, nos tribunais — e, sobretudo, nas brechas entre discurso e realidade.

Os argumentos a favor da legalização são consistentes: controle de qualidade, combate ao tráfico, redução da superlotação nas prisões, arrecadação de impostos. São pautas legítimas e defendidas por especialistas, juristas e entidades de saúde pública. Mas a questão central permanece: o Brasil está pronto?

Hoje, a estrutura estatal não consegue fiscalizar sequer a venda de cigarros contrabandeados em semáforos. Como esperar que um mercado legalizado funcione com rastreabilidade, selo, nota fiscal e paz social? Sem preparo institucional, corremos o risco de criar dois mundos: o da loja com fachada moderna e o da viela esquecida pelo poder público.

Outro ponto crítico é a desigualdade. Quem será beneficiado por essa legalização? Grandes empresas, investidores e marcas? Ou os jovens periféricos, que hoje enfrentam abordagens policiais por portar pequenas quantidades? Sem reparação social e racial, a legalização corre o risco de reforçar a exclusão.

O ceticismo, aqui, não é obstáculo ao progresso — é um alerta. O Brasil tem um histórico de transformar boas ideias em políticas públicas mal executadas. Muitas começam com entusiasmo e terminam engolidas pela burocracia, pela corrupção ou pelo desinteresse político.

Legalizar pode, sim, ser o caminho. Mas será preciso mais do que vontade: é preciso preparo, clareza e compromisso. Sem isso, corremos o risco de trocar um problema por outro — e manter tudo como está, só que com nova embalagem.


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