De Nice a Belém: oceanos em pauta antecedem agenda climática da COP30


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Por Vicente Crispino.

A Conferência da ONU sobre os Oceanos, que teve início nesta segunda-feira (9) em Nice, na França, inaugura uma temporada estratégica para a agenda ambiental global em 2025. O encontro, co-organizado por França e Costa Rica, reúne chefes de Estado, cientistas, organizações civis e lideranças indígenas para discutir a urgência da proteção marinha e a implementação de compromissos concretos, como o tratado sobre o Alto-Mar e a meta de proteger 30% dos oceanos até 2030.

Mais do que uma cúpula isolada, o evento representa o primeiro grande momento multilateral do ano dedicado à sustentabilidade planetária, antecedendo outro marco: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém do Pará, de 10 a 21 de novembro. A COP30 colocará o Brasil — e a Amazônia — no centro das negociações climáticas globais, reforçando a conexão entre terra e mar na luta contra as mudanças climáticas.

Enquanto Nice foca nos desafios oceânicos — como poluição, acidificação, sobrepesca e financiamento da economia azul, Belém trará à mesa as soluções baseadas na natureza, a descarbonização econômica, os direitos de comunidades tradicionais e a governança global do clima. Os dois encontros, embora distintos em foco, são complementares: o que acontece no mar influencia diretamente os ciclos climáticos terrestres, e vice-versa. O que acontece no mar influencia diretamente os ciclos climáticos terrestres, assim como os rios de todo o mundo.

Especialistas e negociadores consideram que os resultados de Nice serão cruciais para criar “momentum” político e financeiro em direção à COP30. O esperado lançamento do “Nice Ocean Action Plan” e o avanço na ratificação do Tratado sobre o Alto-Mar serão sinais de que é possível transformar promessas em ações — uma expectativa também projetada para Belém.

A escolha de Belém do Pará como sede da COP30 carrega um simbolismo profundo. Pela primeira vez, a principal conferência climática da ONU será realizada dentro da maior floresta tropical do mundo, levando os debates diretamente ao território mais impactado — e mais estratégico — para o equilíbrio climático do planeta.

Mais do que uma decisão geográfica, essa escolha representa um gesto político e ambiental. Ao posicionar a Amazônia como protagonista, a ONU amplia o espaço para as vozes das comunidades tradicionais, que historicamente foram silenciadas nas cúpulas globais. Em Belém, indígenas, ribeirinhos e quilombolas terão a oportunidade de apresentar suas soluções e denunciar os retrocessos.

Essa visibilidade também impõe responsabilidade ao Brasil. Sediar a COP30 significa abrir as portas para o escrutínio internacional, exigindo do país ações concretas contra o desmatamento, compromissos climáticos ambiciosos e políticas públicas que reflitam o discurso ambiental que o governo projeta no exterior. A vitrine amazônica será uma prova de fogo para a credibilidade brasileira no cenário global.

A COP30 será mais do que um evento climático: será um marco para a diplomacia ambiental brasileira e para o futuro da Amazônia. Em novembro, todos os olhos estarão voltados para Belém — não apenas em busca de discursos, mas de decisões firmes, capazes de redefinir o rumo da luta climática. O planeta espera respostas. E a floresta, finalmente, terá voz.


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