Descaso com Professores: Governo Deixa 33 Mil Sem Plano de Saúde no Amazonas
Dívida de R$ 57 milhões com Hapvida corta acesso à saúde de quem dedica a vida à educação. Impacto atinge alunos, escolas e o futuro.
Por Vicente Crispino.
Era uma manhã comum no Amazonas. Mas, para mais de 33 mil professores da rede estadual, o dia começou com um novo peso: a incerteza sobre a própria saúde. A notícia caiu como uma sentença — estavam sem assistência médica. O motivo: uma dívida de R$ 57 milhões do governo estadual com a operadora Hapvida.
Num estado onde hospitais já vivem em colapso e o SUS mal dá conta da demanda, perder o plano de saúde não é só um transtorno. É um risco real. Professores em pré-natal, em tratamento contra o câncer, em sessões de hemodiális, todos agora na fila do improviso, à espera de um sistema público cambaleante.
A gestão Wilson Lima parece ter esquecido que saúde não espera. Atrasos são comuns na burocracia, mas não num tratamento oncológico. Dívidas se renegociam. A dignidade, não. Especialmente a de quem dedica a vida à formação de outros.
É revoltante como se exige tanto dos professores e se oferece tão pouco em troca. Eles são tratados como pilares da sociedade, mas não têm sequer o básico: o direito de cuidar da própria saúde. É como mandar soldados para a guerra sem armas, ou médicos para a cirurgia sem bisturi.
Este episódio não é só uma falha administrativa. É mais um capítulo do descaso com a saúde pública e com os servidores. Um lembrete cruel de que, para alguns governantes, o servidor é apenas um número, até que esse número adoeça.
E quando o professor adoece, não é só ele que perde. Perde a escola. Perde o aluno. Perde o futuro.
Fonte: Amazônnia Press.