Trauma no trânsito que afeta milhares no Brasil, pode ser tratado com hipnose clínica
Estresse pós-traumático, medo de dirigir e luto são comuns após acidentes; técnicas como hipnose e TCC oferecem alívio.
Por Camila Eneyla Costa.
O trauma relacionado ao trânsito é uma realidade impactante no Brasil, afetando não apenas quem se envolve diretamente em acidentes, mas também quem vivencia assaltos, testemunha situações violentas ou perde entes queridos. Os efeitos emocionais vão desde o medo de dirigir até o desenvolvimento de transtornos como o TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) e muitas vezes, quem sofre os traumas, nunca mais consegue dirigir novamente. “A palavra “trauma” é frequentemente usada para descrever experiências estressantes e aversivas, como acidentes, violência, desastres naturais, perdas e abusos. “O trauma pode referir-se a um evento que causa danos psíquicos e/ou físicos, com consequências emocionais e psicológicas significativas.” É o que afirma o psicólogo e hipnólogo clínico, Benomy Silberfarb, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental-TCC.
Um dos reflexos mais comuns do trauma no trânsito é a amaxofobia — o medo de dirigir. Embora possa afetar qualquer pessoa, é mais comum entre mulheres, que representam até 92% dos casos diagnosticados. A condição pode surgir mesmo sem histórico de acidentes e, muitas vezes, está associada a outros transtornos de ansiedade. A dor da perda de entes queridos em acidentes também tem efeitos duradouros. Segundo estimativas, cerca de 5,2% das pessoas desenvolvem TEPT após a notícia da morte inesperada de um familiar no trânsito. Além disso, o luto pode desencadear quadros de depressão, especialmente quando falta suporte psicológico.
Segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA, apontam que entre 8% e 40% das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito, desenvolvem TEPT no primeiro ano após o evento. Os sintomas incluem flashbacks, ansiedade, hipervigilância e, em muitos casos, depressão. Fatores como a gravidade do acidente, histórico de traumas e ausência de apoio social agravam o risco.
É neste momento que terapias como a cognitivo-comportamental (TCC) e a hipnose clínica, têm se mostrado eficazes no tratamento de traumas emocionais ligados ao trânsito. A TCC é amplamente utilizada para reestruturar padrões de pensamento negativos. Já a hipnose atua diretamente no subconsciente, ajudando o paciente a ressignificar experiências traumáticas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) focada no trauma é uma abordagem terapêutica que se concentra em ajudar indivíduos a processar e lidar com as consequências psicológicas de experiências traumáticas. Utiliza técnicas da TCC, como reestruturação cognitiva e exposição, para reduzir sintomas como ansiedade, depressão e TEPT”, afirma o Dr. Silberfarb.
O psicólogo afirma que os pacientes que não conseguem dirigir automóveis em razão desses traumas ou até mesmo por ansiedade, o mundo certamente torna-se muito mais ameaçador na sua interpretação pessoal. “A maior distorção cognitiva no trauma é a catastrofização, ou seja, quando a pessoa pensa que nunca mais vai poder dirigir um automóvel”.
Todas essas questões podem ser tratadas no curso ministrado pelo hipnólogo, que é montado com um rígido protocolo para pessoas que não dirigem automóvel, nunca dirigiram ou já dirigiram, mas que apresentam traumas em relação a automóveis. Este mesmo protocolo ensinado no curso também é válido para pessoas que tem medo de viajar de avião.
Em maio, Belém (PA) sedia a quinta edição do Curso de Hipnose Clínica, voltado a pessoas interessadas em se tornarem terapeutas e em compreender os fundamentos da hipnoterapia cognitiva. O curso será ministrado pelo psicólogo e hipnólogo clínico
Dr. Benomy Silberfarb, é especialista com mais de 40 anos de experiência, autor de dez livros, criador da Hipnose Clínica no Brasil e ganhador do prêmio de melhor curso de Hipnose Clínica na Europa. E neste mês de Maio, ele trará o curso para Belém, com o objetivo de trazer a técnica para todas as pessoas que desejam tratar não somente a si mas também tornarem-se terapeutas da Hipnose Clínica e ajudar outras pessoas que estão precisando de ajuda.
Entre os temas abordados estão transtornos como depressão, ansiedade, compulsão, distúrbios alimentares e dor crônica. A hipnose clínica, segundo o psicólogo, reduz sintomas como baixa autoestima, desânimo, tristeza persistente, sentimentos de culpa e fracasso.
A técnica, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, é respaldada por mais de 7 mil artigos científicos. A hipnose clínica é diferente da hipnose comum, sendo aplicada apenas por profissionais qualificados para lidar com aspectos físicos e emocionais de forma segura e ética.
No geral a Hipnose pode ser utilizada para tratamento de qualquer transtorno mental, mas não sozinha, precisa-se de conhecimento do funcionamento do ser humano, seus padrões.
No entanto existem perfis de pessoas não recomendadas como pacientes no uso das técnicas de hipnose como pacientes PSICÓTICOS, ESQUIZOFRÊNICOS, ESQUIZOFREIFORMES, ESQUIZOTÍIPICOS, ESQUIZOIDES, ESQUIZO AFETIVOS O COM TDAH-transtorno de déficit e atenção muito graves. Clientes alcoolizados, sob efeito de drogas, medicação acima da janela terapêutica também não poderão ser submetidos ao tratamento com a Hipnose.
Além do tratamento individual, políticas públicas como o programa do Governo Federal, “Vida no Trânsito” também têm papel crucial na prevenção e no suporte às vítimas, combinando ações de educação, fiscalização e atenção à saúde mental.
Se você ou alguém próximo enfrenta dificuldades emocionais após um episódio traumático no trânsito, buscar ajuda profissional é essencial. A superação é possível com acolhimento e terapias adequadas.