Com risco de calor extremo, Belém se mobiliza para evitar colapso climático até 2050
Por Vicente Crispino.
O prefeito de Belém Igor Normando, recebeu nesta terça-feira (22), o Plano Local de Ação Climática (PLAC), elaborado pela rede ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade. O documento, entregue durante reunião no Palácio Antônio Lemos, representa mais uma etapa da preparação da cidade para sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), prevista para novembro.
Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo governo alemão, o PLAC foi desenvolvido ao longo de 18 meses com base em diagnósticos ambientais locais. A proposta é clara: alcançar a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa até 2050 e ampliar a capacidade de adaptação da cidade aos efeitos da crise climática. A elaboração detalhada e a previsão de mobilização social conferem legitimidade ao plano, cuja execução exigirá articulação entre governo e sociedade civil.
“Já foi divulgado um estudo da CarbonPlan, em colaboração com o The Washington Post, que indica que Belém será a segunda cidade mais quente do mundo até 2050”, alertou Helinah Cardoso, diretora regional do Pacto de Prefeitas e Prefeitos pelo Clima e Energia, durante a reunião.
Entre os fatores agravantes identificados pelo estudo estão o transporte urbano e a destinação de resíduos. Além disso, o risco de inundações, erosão e ilhas de calor foi mapeado com precisão, o que reforça a urgência das ações previstas.
Para o prefeito Igor Normando, a entrega do plano marca um novo momento:
“A entrega desse relatório à prefeitura mostra que estamos alinhados com instituições sérias e, portanto, temos um instrumento para realizar mudanças na prática.”
A secretária municipal de Meio Ambiente e Clima, Juliana Nobre, também destacou que o documento se alinha às políticas já implementadas:
“Como o projeto ‘Cidade Verde’, que visa ampliar as áreas verdes, e o ‘Belém Limpa’, que evita alagamentos. Já estamos realizando ações visando a construção de uma cidade melhor para todos.”
A realização da COP-30 na capital paraense simboliza um marco histórico: a Amazônia passa de tema a território central das discussões climáticas globais. Mais do que uma escolha geográfica, trata-se de uma afirmação política e ética: discutir a Amazônia, na Amazônia e para a Amazônia.
No entanto, a viabilidade das metas propostas no PLAC ainda depende de fatores cruciais: a continuidade da cooperação internacional até 2050 e o engajamento real da população nas ações climáticas. Sem isso, há o risco de que os compromissos assumidos fiquem apenas no papel.
Outro ponto que merece destaque é o princípio da justiça climática, que permeia o debate ambiental contemporâneo e exige que as populações amazônicas tenham seu direito a um ambiente equilibrado e saudável efetivamente respeitado. Em uma região marcada por desigualdades socioambientais históricas, essa abordagem é mais do que necessária: é inadiável.