A inteligência artificial precisa de regras

Por Vicente Crispino.

A inteligência artificial já está entre nós. Ela analisa exames médicos, direciona anúncios no seu feed e talvez até tenha escrito a legenda do vídeo que você acabou de assistir. O que antes era coisa de ficção científica agora se tornou invisível, e onipresente. E isso é parte do problema.

Porque, diferente de outras tecnologias do passado, a IA não chega com barulho. Ela se instala devagar, nos bastidores. Quando percebemos, já está tomando decisões em nosso lugar, às vezes para ajudar, outras nem tanto.

Não é exagero. Hoje, um algoritmo pode decidir se você consegue um empréstimo. Ou se a sua candidatura a uma vaga sequer será lida por alguém. Pode recomendar um vídeo, ou distorcer a realidade com um deepfake perfeito. A IA é poderosa, mas não tem consciência, nem ética. Ela apenas executa comandos. E aí mora o risco.

O Brasil não está alheio a isso. Depois da LGPD, que foi um avanço importante, chegou a vez de discutir a regulação da IA. O Projeto de Lei 2338/2023, do senador Rodrigo Pacheco, já foi aprovado pelo Senado e está nas mãos da Câmara dos Deputados.

Porque enquanto o Congresso debate, golpistas já descobriram como clonar vozes, falsificar rostos e invadir sistemas com apoio da IA. Sem regras claras, o cidadão comum está desprotegido. E os mais pobres, como sempre, são os primeiros a sentir os impactos.

Alguns dirão que regular é travar a inovação. Não é, regular é garantir que ela não avance às cegas, atropelando direitos, concentrando poder e aprofundando desigualdades. Não é sobre conter o progresso, é sobre orientar o rumo do futuro.

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