Cacauaré: tradição familiar impulsiona inovação e sustentabilidade na cadeia do cacau no Pará

Empresa liderada por mulheres em Mocajuba une saberes ancestrais e tecnologia para valorizar o cacau nativo e fortalecer a sociobioeconomia amazônica

A Cacauaré, empresa sediada em Mocajuba, no Baixo Tocantins, é fruto de uma tradição familiar de quatro gerações dedicadas ao cultivo e beneficiamento do cacau. Fundada por Noanny Maia, ao lado da mãe Nilce e das irmãs Naianny e Neilanny, a empresa surgiu em 2021, após o retorno de Noanny à terra natal devido ao falecimento do pai durante a pandemia de Covid-19. Com formação em Direito, Noanny decidiu investir no potencial do cacau nativo da região, resgatando práticas ancestrais e promovendo o empoderamento feminino por meio da produção artesanal de geleias e doces a partir do mel de cacau, antes considerado resíduo da produção.​

A Cacauaré adota um modelo de negócio que valoriza a cadeia produtiva local, fornecendo matéria-prima para artesãs que produzem os doces, posteriormente revendidos pela empresa. Além disso, diversificou sua linha de produtos, incluindo barras de 100% cacau, chá, nibs, granola e biocosméticos, todos oriundos de manejo sustentável em Sistemas Agroflorestais. A empresa também introduziu o cacau cerimonial, bebida utilizada em rituais de autoconhecimento, preparada com pimenta wai wai adquirida diretamente dos indígenas da região de Oriximiná.​

Em 2023, a Cacauaré faturou cerca de R$ 90 mil, valor que quase triplicou em 2024, alcançando aproximadamente R$ 230 mil. Esse crescimento levou Noanny a receber o Prêmio Sebrae Mulher de Negócios na categoria Microempreendedora Individual (MEI). Entretanto, desafios climáticos, como os efeitos do El Niño, impactaram a produção, levando a empresa a expandir sua atuação para artigos de moda, como camisetas e ecobags, fortalecendo a marca e diversificando as fontes de renda.​

O Pará, segundo maior produtor de amêndoas de cacau do Brasil, foi responsável por 44% da produção nacional em 2024, ficando atrás apenas da Bahia. Apesar de uma queda nas exportações de amêndoas, o estado apresentou crescimento na exportação de chocolates e derivados, com destaque para o chocolate recheado em tabletes, barras e paus. Esse desempenho é resultado de esforços conjuntos de instituições como FIEPA, FAEPA e Sedap, que promovem a verticalização da cadeia produtiva e a qualificação de produtores, especialmente mulheres.​

Iniciativas como a da Amazon People também contribuem para o fortalecimento da agricultura familiar e regenerativa na região. A organização atua na Vila Jutaí, em Moju, oferecendo assistência técnica e promovendo o intercâmbio de conhecimentos entre comunidades, com foco na produção de cacau, açaí, palma e andiroba em Sistemas Agroflorestais. Parcerias com empresas como Natura e Oakberry garantem a compra dos produtos, proporcionando renda e qualidade de vida para as famílias envolvidas.​

A trajetória da Cacauaré exemplifica como a união entre tradição e inovação pode impulsionar o desenvolvimento sustentável na Amazônia, valorizando saberes ancestrais, fortalecendo a economia local e promovendo a preservação da floresta em pé.​

Com informações: Assessoria de comunicação.

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