Sob liderança brasileira, BRICS propõe Parceria Global para eliminar doenças ligadas às desigualdades
Com foco na equidade em saúde, o Brasil propõe no BRICS uma agenda integrada para combater doenças socialmente determinadas, como tuberculose e diarreia infantil, que afetam populações vulneráveis. A iniciativa inclui cooperação em pesquisa, produção de vacinas e políticas multissetoriais inspiradas no Programa Brasil Saudável.
Com foco no desenvolvimento humano e social, a cooperação do BRICS tem a saúde como um dos temas centrais. Sob a presidência brasileira, os países apresentarão iniciativas voltadas à eliminação das doenças e infecções socialmente determinadas (SDD, na sigla em inglês) e das doenças tropicais negligenciadas (NTD, na sigla em inglês).
Por meio de estratégias integradas e colaborativas entre os países-membros, o grupo BRICS promove iniciativas para erradicar as SDD, tanto no âmbito interno quanto no externo. Sob a presidência brasileira do grupo, uma das medidas da cooperação de saúde do BRICS é a formalização da Parceria para a Eliminação das Doenças Socialmente Determinadas e das Doenças Tropicais Negligenciadas.
Alexandre Ghisleni, Chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde do Brasil, destacou que essa iniciativa já conta com antecedentes importantes. “No âmbito nacional, o trabalho que nós temos feito, no Brasil, tem-se materializado num impacto positivo no combate às doenças socialmente determinadas”, afirmou. Como exemplo, ele citou estudos que mostram como o Bolsa Família ajudou a reduzir em até 40% os casos de tuberculose no país, servindo de inspiração para políticas semelhantes em outros países, como a Índia.
Abordagem Holística e Sustentável
Apesar da existência de medidas de controle e de prevenção, essas doenças impõem desafios à saúde pública entre populações vulneráveis com menor indicador socioeconômico, limitado acesso à água limpa, saneamento básico inadequado, refletindo os determinantes sociais de saúde. Sob a presidência brasileira, a cooperação em saúde entre os países do BRICS priorizará a promoção da equidade, especialmente aos tratamentos, diagnósticos e vacinas no desenvolvimento de tecnologias emergentes em saúde.
Ghisleni explicou que a abordagem proposta pelo Brasil é ampla e holística. “A gente precisa montar uma agenda que não apenas interrelacione diferentes setores, mas que atue pelo mesmo objetivo mais amplo, que é o de fortalecimento e de construção de sistemas nacionais de saúde resilientes, pautados por esse critério de equidade”, disse. Entre as prioridades estão o treinamento de profissionais de saúde, a harmonização regulatória, a pesquisa em tuberculose, a produção de vacinas e a construção de hospitais inteligentes.
Programa Brasil Saudável
Essa prioridade da agenda brasileira no BRICS está alinhada às ambições domésticas do país. Em 2024, o governo brasileiro lançou o Programa Brasil Saudável, que visa à eliminação das doenças determinadas socialmente. Esse programa conecta a redução das desigualdades socioeconômicas no Brasil à erradicação das doenças socialmente determinadas. Assim, as ações do programa vão além do setor de saúde, dialogando com outros setores do governo relacionados à moradia, renda, acesso ao saneamento básico e educação.
Ghisleni ressaltou que o Programa Brasil Saudável é uma iniciativa inovadora e multisetorial. “São mais de dez ministérios reunidos para tratar da política de eliminação dessas doenças dos seus mais diferentes ângulos, com a participação social”, explicou. Ele destacou que o programa é uma fonte de inspiração para a proposta de eliminação de doenças socialmente determinadas no âmbito do BRICS, e que há interesse dos demais países em replicar ou adaptar essas estratégias.
Impactos Concretos e Expectativas Futuras
A cooperação entre as nações do BRICS ajuda a promover a equidade na saúde global, especialmente em regiões com poucos recursos, eliminando essas doenças como problemas de saúde pública e aumentando a eficácia das intervenções. Ghisleni acrescenta que essa colaboração aprimora os serviços de saúde e os sistemas de educação, saneamento e vigilância, permitindo que esses sistemas respondam a emergências e crises de saúde da forma mais eficaz possível.
Sobre a formalização da Parceria para a Eliminação das SDD e NTD, Ghisleni destacou que as expectativas são altas. “A aliança pode fortalecer o tratamento de sistemas no âmbito nacional e dar visibilidade para esses temas no âmbito multilateral”, afirmou. Ele também mencionou a possibilidade de criar redes de pesquisa para o desenvolvimento de novas drogas, vacinas e medicamentos, além de treinar e mobilizar forças de trabalho em saúde para atender às necessidades dos países membros e cooperar uns com os outros.
O Potencial do BRICS na Saúde Global
O BRICS reúne cerca de 48,5% da população global e 39% do PIB mundial. Ghisleni enfatizou que o bloco tem peso geopolítico significativo e que a cooperação em saúde pode servir de modelo para outros países. “A gente quer que a cooperação em matéria de saúde seja não apenas de utilidade para os países membros, mas que também ajude a impulsionar o tratamento dessas doenças em fóruns multilaterais, como a ONU e a OMS”, disse.
Fonte: Agência GOV