Mata Atlântica: Preservar para Sobreviver

Bioma brasileiro enfrenta desafios históricos de preservação e impactos ambientais, segundo estudos recentes.

A Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos em biodiversidade no Brasil, enfrenta uma realidade paradoxal. Por um lado, possui uma legislação específica e é reconhecida como patrimônio nacional; por outro, sofre com um histórico de devastação que remonta à chegada dos colonizadores europeus há mais de 500 anos. Este bioma, que outrora cobria uma vasta área do território brasileiro, hoje conta com apenas 12% de suas florestas originais em estado preservado.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), a Mata Atlântica já perdeu 71,3% de sua cobertura vegetal original, principalmente devido a atividades econômicas como a exploração do pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro e café, além do avanço da urbanização e da agropecuária. Este bioma abriga cerca de 70% da população brasileira, aproximadamente 145 milhões de pessoas, e estende-se por 3.429 municípios de 17 estados, sendo dominante em estados como Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

A Mata Atlântica, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA), é a segunda em biodiversidade nas Américas, superada apenas pela Amazônia. Ela é lar de uma ampla gama de espécies endêmicas, aquelas que só ocorrem nessa região, o que a torna crucial para a conservação da biodiversidade global. Um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022 revelou que 24,1% das 11,8 mil espécies de animais e plantas avaliadas na Mata Atlântica estão ameaçadas, um índice significativamente maior em comparação a outros biomas brasileiros.

Apesar das dificuldades, houve avanços recentes. Um relatório do Sistema de Alertas de Desmatamento Mata Atlântica (SAD) indicou uma queda de 59% no desmatamento do bioma nos primeiros oito meses de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse dado representa uma esperança para a conservação da Mata Atlântica, embora os desafios continuem grandes.

A Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428, de 2006), específica para o bioma, é um marco importante na luta pela sua preservação. No entanto, a aplicação efetiva desta lei ainda enfrenta obstáculos, especialmente em regiões onde a Mata Atlântica se sobrepõe a outros biomas, como o Cerrado e a Caatinga.

A ocupação desordenada e a exploração não sustentável dos recursos naturais continuam sendo desafios críticos para todos os biomas brasileiros, e a Mata Atlântica não é exceção. Especialistas e legisladores destacam a necessidade urgente de discussões legislativas e implementação de planejamentos de uso do solo para garantir um desenvolvimento sustentável que respeite as riquezas naturais do país.

A biodiversidade da Mata Atlântica está sob pressão contínua. A floresta, que apresenta uma variedade de ecossistemas, incluindo restingas, manguezais e campos de altitude, é também uma fonte vital de água potável para muitas cidades brasileiras. Além disso, a Mata Atlântica tem um papel fundamental na regulação do clima e na manutenção de serviços ecossistêmicos essenciais, como a polinização e o controle de pragas.

O desmatamento contínuo e a perda de biodiversidade não são apenas preocupações ambientais, mas também representam uma ameaça ao bem-estar humano. A floresta desempenha um papel crucial na proteção de nascentes de rios e na oferta de água potável, além de ser um reservatório vital de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

Diante deste cenário, é fundamental que a legislação vigente, como a Lei da Mata Atlântica, seja não apenas mantida, mas também aprimorada e aplicada de forma efetiva. A colaboração entre governo, comunidade científica e sociedade civil é crucial para garantir a preservação deste bioma essencial, que é um tesouro nacional não apenas pela sua biodiversidade, mas também pelos serviços ecossistêmicos que oferece.

Com informações da Agência Senado.

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