Brasil

Amazônia enfrenta mais de 4 mil garimpos ilegais e contaminação por mercúrio

A Amazônia, considerada o pulmão do mundo, enfrenta uma crise silenciosa, mas devastadora. Um recente levantamento realizado pelo WWF-Brasil, a pedido da Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia (OTCA), revelou a existência de 4.114 pontos de mineração ilegal espalhados pela vastidão da floresta tropical. Esta não é uma questão recente, mas sim um problema que persiste há décadas e afeta todos os países que compartilham a bacia amazônica.

Desde 1994, estima-se que cerca de 2.300 toneladas de mercúrio tenham sido despejadas na Amazônia brasileira. E o que já era alarmante, tornou-se ainda mais preocupante. Estudos recentes indicam que atualmente são despejadas cerca de 150 toneladas de mercúrio por ano na região. Este metal pesado, quando liberado no ambiente, contamina os rios e, consequentemente, a fauna aquática, tornando-se um risco para as populações que dependem desses recursos.

As comunidades ribeirinhas e indígenas são as mais afetadas por esta contaminação. Muitos de seus membros apresentam níveis de mercúrio no corpo que excedem os limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde. Em países como Brasil e Equador, as comunidades ribeirinhas são as mais atingidas, enquanto no Peru e na Colômbia, as comunidades indígenas enfrentam os maiores riscos.

A contaminação por mercúrio não se limita apenas a humanos. A fauna aquática também é gravemente afetada. No Brasil, por exemplo, os peixes apresentam os maiores níveis de contaminação por mercúrio entre os países da bacia amazônica. Esta contaminação tem consequências diretas para as pessoas que consomem peixe como parte de sua dieta regular.

Mauro Ruffino, coordenador do Observatório Regional Amazônico (ORA) da OTCA, destaca a necessidade de uma abordagem conjunta entre os países amazônicos para enfrentar esta crise. Os efeitos do mercúrio no corpo humano são devastadores e muitas vezes irreversíveis, afetando desde o sistema nervoso até a formação de bebês.

Raul do Valle, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, ressalta a urgência de um plano de ação para cuidar das pessoas afetadas. A contaminação por mercúrio é um problema subnotificado que afeta tanto o meio ambiente quanto a saúde pública.

Os dados coletados para este levantamento provêm do Observatório do Mercúrio, que se dedica a compilar e georreferenciar informações sobre contaminação por mercúrio na região Amazônica. A análise desses dados revela uma disparidade na produção científica sobre o tema entre os países, com o Brasil liderando em número de estudos publicados.

Em conclusão, enfrentar a contaminação por mercúrio na Amazônia é um desafio multifacetado que exige ação coordenada e compromisso político. As recomendações incluem controlar a cadeia produtiva do ouro, identificar e medir eventos de poluição por mercúrio e implementar medidas para reduzir os riscos e impactos desta contaminação.

Com informações da WWF Brasil.

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