Escolas de Belém se unem no combate ao abuso e exploração sexual infantil
Durante a semana de 15 a 20 de maio, as escolas municipais de Belém intensificaram suas atividades voltadas para a prevenção e combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Nesse contexto, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Comandante Klautau, localizada no Barreiro, se destacou por desenvolver um trabalho baseado na poesia “Semáforo do Corpo”, do professor Carlos Santos.
A iniciativa faz parte do projeto “Ser Criança e Adolescente na Belém da Nossa Gente”, desenvolvido pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria de Educação (Semec), e visa debater a prevenção e o combate a qualquer tipo de violação de direitos entre os estudantes da rede.
Dados do governo federal são alarmantes: a cada hora, três crianças sofrem abusos no Brasil, e cerca de 51% têm entre 1 a 5 anos de idade. Estima-se que anualmente, 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no país, sendo que apenas 7,5% dos casos são denunciados às autoridades. Nos últimos três anos, a Prefeitura de Belém tem investido fortemente no combate a violência sexual contra menores, implementando políticas de assistência, saúde e educação para melhorar a vida desses cidadãos.
Durante a semana de combate ao abuso e exploração sexual, a Semec promoveu uma programação especial nas escolas, com círculos de conversa, palestras, caminhadas e aulas especiais para discutir com os alunos e a comunidade o problema da violência sexual contra menores. No Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em 18 de maio, houve caminhadas nos distritos, envolvendo alunos, professores, servidores e a comunidade do entorno das unidades escolares, para chamar a atenção da população para o problema.
Na EEMF Comandante Klautau, como em todas as outras escolas da rede, o tema do abuso contra menores vem sendo trabalhado em sala de aula. No 5° ano da tarde, o professor Carlos Santos utiliza a poesia e histórias do cotidiano dos alunos para conduzir o debate. “Uso a poesia para ensinar as crianças que elas são donas dos seus corpos e que ninguém deve tocá-los. Faço uma analogia, comparando o corpo ao sinal de trânsito, mostro que tem partes do corpo que não devem deixar tocar. É sinal vermelho mesmo”, disse Santos.
Além das aulas, o técnico e pedagogo do Tribunal de Justiça do Estado, Adrielson Souza Almeida, realizou palestras para ajudar as crianças a conhecerem seus próprios corpos, entender o que configura abuso sexual, como se proteger, como fazer a denúncia se estiver sofrendo abuso e o poder do “não”. “De forma lúdica, a gente tece todo o enredo para a criança aprender a dizer não e saber identificar abusos. Isso vai fazer que ela se proteja. Taí a ideia de que crianças também se protegem”, disse Adrielson.
Para a diretora da escola Comandante Klautau, Karina Portal, a semana de combate ao abuso e à exploração sexual é de grande importância para a comunidade escolar. “Fizemos um planejamento com os professores da escola e, em sala de aula, eles vêm trabalhando por meio de círculos de conversa e aulas com temas ligados à proteção das crianças, como denunciar a violência e envolver a escola nesse diálogo com os estudantes”, explicou Karina.
Siely Guimarães Ribeiro, 10 anos, estudante do 5° ano, participou de todas as aulas e palestras sobre o tema e já mostrou que compreendeu a mensagem. “As pessoas não devem tocar na gente, porque elas podem estar agindo de má fé, e agora eu vou prestar mais atenção e me afastar das pessoas ruins”, declarou a estudante.
O dia 18 de maio foi escolhido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em memória à menina Araceli Cabrera Sánchez Crespo, de 8 anos, que foi sequestrada, violentada e cruelmente assassinada em 1973 em Vitória (ES). O crime chocou o país e, com a repercussão do caso e a forte mobilização do movimento em defesa dos direitos das crianças e adolescentes, a Lei nº 9.970/2000 instituiu a data como um marco no combate a esses crimes.
No próximo sábado, 20 de maio, a EEMF Comandante Klautau realizará uma ação social voltada para os moradores do Barreiro. Entre os serviços ofertados haverá vacinação contra Covid-19 e gripe para crianças e adultos, atendimento jurídico e exibição de vídeos sobre prevenção à violência sexual contra crianças e adolescentes, e como denunciar esse tipo de crime.
A iniciativa das escolas de Belém é um exemplo de como a comunidade escolar pode se mobilizar para proteger as crianças e adolescentes, trabalhando em conjunto com a prefeitura, professores, pais e alunos para criar um ambiente seguro e consciente, onde os direitos das crianças são respeitados e protegidos. A esperança é que iniciativas como essa possam inspirar outras comunidades a fazer o mesmo.
Com informações da Agência Belém.