No Marajó, extrativistas ampliam renda com extração de látex sem danos à floresta
O produtor Marivaldo Pereira de Oliveira ainda era adolescente quando aprendeu a extrair látex nos seringais de Portel, no Arquipélago do Marajó. Hoje, às margens do Rio Anapu, onde mora, ele vê o trabalho recomeçar a partir de novos conceitos: Bioeconomia, sustentabilidade e inclusão. “Começamos uma nova era de produção, recurso e sustento para nossas famílias. Essa oportunidade foi muito boa, porque as pessoas podem trabalhar, ter suas rendas e sustentar suas famílias. Graças a Deus estamos produzindo 20 toneladas por ano, e aqui temos um potencial muito grande. Portel é um município rico, e temos a oportunidade de ganhar dinheiro sem agredir a natureza. É um trabalho em que a gente preserva a floresta”, destaca Marivaldo.
No município de Portel, 206 famílias viram na reativação de seringais nativos uma oportunidade de ganhar dinheiro com um produto da bioeconomia. O Projeto “Marajó Sustentável”, lançado em novembro de 2022 pelo Governo do Pará, capacita extrativistas para a cadeia produtiva da borracha – da extração à comercialização. As ações são desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).
“É um processo de manejo que não tem nenhuma interferência na floresta. É um manejo que, na verdade, beneficia. As famílias foram selecionadas nas áreas coletivas de seringais nativos, e receberam kits de extração e capacitação para o processo de exploração do látex e processamento da borracha, o que agrega um valor muito maior. É um trabalho que tem tido um retorno muito bom, porque gera uma renda expressiva para as famílias”, explica Heloísa Figueiredo, diretora de Desenvolvimento Agropecuário da Sedap.
Metas – O projeto prevê o envolvimento direto de duas mil famílias de comunidades extrativistas, que serão treinadas e equipadas para extração e beneficiamento de látex. A meta é elevar a renda familiar de meio salário mínimo para três salários mínimos dos extrativistas marajoaras. Trabalhadores dos municípios de Anajás, Gurupá, Breves, Muaná e Melgaço também serão atendidos pelo projeto.
“O Pará pode virar um grande produtor de borracha natural para abastecer nossas indústrias, sem necessidade de trazer tanta borracha de fora. São municípios carentes, com os menores IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) do Brasil. Temos muita mão de obra ociosa nessas regiões de seringais nativos. Pra nós, foi uma surpresa, porque são áreas com três vezes mais árvores por hectare, o que aumenta a capacidade de produção com valor agregado ao produto”, complementa Francisco Samonek, diretor de Projetos Sociais e presidente do Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio), um dos executores do projeto.
Segundo o Poloprobio, nesta etapa foram produzidas 36 toneladas de borracha nativa em Portel, gerando R$ 360 mil, dinheiro que complementa a renda dos trabalhadores e movimenta a economia local. A iniciativa envolve pequenos produtores rurais, ribeirinhos em regime de agricultura familiar, extrativistas e quilombolas.
Fonte Agência Pará