Belém

Município faz busca ativa escolar para superar o analfabetismo

Com a expectativa de transformar vidas a partir do Programa Alfabetiza Belém, a Prefeitura de Belém realiza o serviço de Busca Ativa Escolar de pessoas acima de 15 anos que ainda não são alfabetizadas ou que não concluíram o ensino fundamental. A missão é da Secretaria Municipal de Educação (Semec), que conta com a equipe da Coordenação de Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Coejai).

A principal conquista do programa é a alfabetização, um resultado que cada vez mais é visível na capital paraense. No dia 29 de novembro passado mais de mil pessoas, entre trabalhadores formais, informais, aposentados, desempregados e pessoas em situação de rua foram certificadas.

Com a certificação, a Prefeitura de Belém reafirmou o compromisso com a educação, para tornar Belém, de fato, uma cidade alfabetizada, educada, leitora, inclusiva e antirracista.

“A Prefeitura entra com a potência de garantir professores qualificados para dar a essas pessoas o direito de sonhar. Elas farão parte de um contingente que vai tornar Belém, até 2024, a primeira cidade totalmente alfabetizada do Brasil, um território livre do analfabetismo”.

Prefeito Edmilson Rodrigues na cerimônia de certificação realizada em novembro passado.

Um dos instrumentos para avançar com o programa Belém Alfabetizada é o serviço Busca Ativa e no último sábado, 4, a Coejai saiu pelas ruas do município com professores das escolas municipais Olga Benário, em Águas Lindas; Florestan Fernandes, no Bengui; e João Carlos Batista, na Cabanagem, para anunciar o serviço. A receptividade da população foi imediata, inclusive com os profissionais sendo abordados por algumas pessoas interessadas.

Entre elas, estava à doméstica Maria Graciete de Ramos, de 50 anos, que estudou até o 5º ano no município de Peixe Boi. “Naquele tempo morávamos na colônia em Peixe Boi. As terras não eram nossas. Tivemos que mudar para Capanema e depois disso não voltei mais para a escola. Mas me arrependi muitas vezes de não ter voltado a estudar. É sempre bom aprender”, contou Maria, entusiasmada com o convite da escola Olga Benário.

Clotilde da Paixão Tavares, de 63 anos, chegou a se matricular na escola Florestan Fernandes, mas se afastou para ajudar a filha que teve bebê. Porém, ao reencontrar o seu professor na busca ativa, avisou que desta vez volta pra concluir os estudos. “Estudei até o 5º ano. O meu sonho é cuidar de planta e digo ‘vou estudar para trabalhar com plantas’. Agora vai dá certo! Vou voltar”, disse decidida.
A importância da escola e do educado.

Segundo a coordenadora Pedagógica, Meryane Caravelas, que está há onze anos na rede atuando na Ejai, a Olga Benário é um dos poucos espaços de acesso à cultura, educação e ao esporte no bairro. “A gente tem o perfil da noite de alunos que evadem por questões emocionais, violência, drogas e a precisamos ter esse olhar humano, de empatia. Eles têm uma relação muito positiva com os professores, que falam a linguagem da comunidade”.

Ela revela, ainda, resultados que, de fato, transformaram a vida das pessoas. “A gente têm aqui uma aluna que mora perto do lixão do Aurá e foi coletora. No início, ela teve muita dificuldade e depois a história de vida dela mudou. Hoje, ela tem vontade de fazer faculdade de gastronomia, publicar um livro de receitas. A gente observa que muda não só o desempenho na aprendizagem, mas a visão de mundo, por ser uma educação transformadora”, observou Meryane Caravelas.

O professor Matheus França de Souza, da Escola Municipal Florestan Fernandes, ressaltou que a busca ativa é um momento de lidar diretamente com a comunidade. “Esse contato aproxima muito a gente do aluno. É muito gratificante para todos nós profissionais da educação”, disse. “Tivemos várias conquistas de alunos que concluíram o ensino fundamental e agora seguiram para o ensino médio”.

O coordenador da Ejai, Miguel Picanço, destacou que desde 2021 a Educação de Jovens, Adultos e Idosos vem avançando. “De 33 escolas com turmas voltadas a este público, a Semec tem a expectativa de ampliar para 40, todas com espaços pedagógicos e projetos de oficinas de geração de renda, que motivam e garantem a aprendizagem”.

O programa tem como meta até 2024 alfabetizar 11 mil pessoas. Para 2023, a meta é 5 mil (mil pessoas nas escolas municipais e 4 mil pessoas em parceria com movimentos sociais).

A Prefeitura irá implantar turmas nas ilhas insular e na terça-feira, 7, e sexta-feira, 10, terá Busca Ativa Escolar na ilha do Combu. Independente da realização do serviço, as demais pessoas interessadas em concluir o ensino regular podem ir a qualquer uma das unidades educativas para buscar informações de como se matricular nas turmas da Ejai.

Fonte Agência Belém

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