Usinas da Paz incentivam a inclusão de pessoas com deficiência em modalidades esportivas
Paratletas paraenses se destacaram nas Paralimpiadas Escolares 2022, com a conquista do 3º lugar geral, recorde de pontos na competição e 120 medalhas.
“Eu fico muito feliz de ver meu filho participando de atividades esportivas em um espaço como a Usina da Paz da Cabanagem que tem inclusão de verdade. Há mais de um ano ele participa das aulas de natação e vemos diariamente o desenvolvimento, principalmente, em relação à coordenação motora, à concentração e à interação. Ele adora vir treinar e quem sabe, no futuro, meu filho possa ser um grande nadador do Pará como os atletas da Paralimpiada”, celebra a dona de casa Sara Correa, que é mãe do Alexandre Daniel, 7 anos.
A Delegação de paratletas do Pará conquistou o 3º lugar geral nas Paralimpiadas Escolares 2022, realizada de 22 a 25 de novembro em São Paulo (SP), além do recorde de pontos na competição e 120 medalhas.
O Governo do Estado incentiva a prática esportiva de pessoas com deficiência (PcD), sobretudo, por meio das Usinas da Paz. No bairro da Cabanagem, o complexo oferece aulas de natação regulares aos sábados, promovidas pelo Núcleo de Esporte e Lazer (NEL) da Secretaria de Educação do Pará, e garante suporte a um time de vôlei sentado, às quartas e sextas-feiras à noite.
Belém foi a capital escolhida para ser a sede Norte e Nordeste das Paralimpíadas Escolares do próximo ano, que ocorrerá em agosto de 2023. “Temos atletas medalhados que são das Usinas da Paz. Para nós, é uma grande alegria que agora a produção de grandes atletas e paratletas sejam fruto desse espaço, que é fundamental para o crescimento do desporto. Espaços de inclusão, de cidadania. As usinas são fundamentais para oportunizar, cada vez mais, futuros talentos, promover mudanças de vidas, especialmente, de cadeirantes, deficientes visuais, intelectuais, autistas. As Usinas vieram pra fazer a diferença e somos referência nacional”, conta o coordenador do NEL, Marcley Lima.
ParáO professor de educação física, William Souza, que atua na UsiPaz Cabanagem, reforça que muitos atletas de alto rendimento vêm de projetos sociais como os desenvolvidos no complexo. “Oferecer atividades esportivas nas comunidades é um passo muito importante para que novos talentos sejam descobertos. Nem todo mundo tem condições de pagar aulas de natação, por exemplo, e aqui eles têm acesso às aulas, mudando a realidade da população. São oportunidades sensacionais mesmo para quem não tenha o interesse de se tornar um atleta, mas busca qualidade de vida”, diz.
A diminuição das dores musculares é um dos principais ganhos relatados por Rosemary Souza, aluna da natação na UsiPaz, desde que começou a praticar o esporte. “Com 17 anos, sofri um AVC e perdi todo o movimento do lado esquerdo do corpo, fiquei com sequelas de limitação de movimentos. A natação tem me ajudado bastante, já percebo menos dores, os exercícios me fazem muito bem. Desde o dia anterior à aula, a gente já fica ansioso pra que chegue a hora da natação, aqui é muito bom, me sinto bem melhor”, ressalta.
Este sábado (26), foi dia da primeira aula de natação de Fernando Peter, 65 anos. O professor de educação física aposentado perdeu a visão, após 14 cirurgias, por conta de um glaucoma. “Passei toda a minha vida como professor e hoje estou do outro lado como aluno. Estou voltando às atividades físicas com excelentes profissionais, recebi todo o acolhimento aqui na Usina. O esporte é um instrumento fortíssimo de inclusão e essa iniciativa de construir um espaço como esse, com diversas atividades, é altamente benéfico para a sociedade”, conta.
O coordenador de Esportes da UsiPaz Cabanagem, Alex Maciel, explica que quem quiser se inscrever na natação deve procurar o núcleo de esportes do complexo, com os documentos oficiais (identidade, CPF e laudo médico). “Após a apresentação da documentação, o futuro aluno passa por uma avaliação dos educadores físicos e poderá participar. Antes da Usina, a Cabanagem não tinha um espaço como esse, com a infraestrutura que temos aqui disponível para a comunidade. Além do exercício, o contato com a água e as atividades recreativas estimulam desde cedo as habilidades esportivas, que pode ser uma ponte para que os nossos alunos cheguem além”, conclui.
Fonte: Agência Pará