Estados da Amazônia vão apresentar prioridades à equipe de transição do Governo Federal

Objetivo é chamar atenção da União para a formatação e execução de um desenvolvimento próprio para a região

O governador Helder Barbalho reuniu, nesta segunda-feira (21), presencialmente, em Belém e por videoconferência, um conjunto de especialistas, políticos, sociedade civil organizada, setor produtivo, instituições científicas e representantes do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal. Com o apoio técnico da ONG Comunitas, o encontro teve como objetivo o avanço na formulação do plano de transição de desenvolvimento regional amazônico. Quando concluída e aprovada internamente, a proposta dos Estados amazônicos será entregue para equipe de transição do presidente eleito do país, Luiz Inácio Lula da Silva. 

O documento vai reunir propostas consensuais do setor produtivo da região, para o desenvolvimento econômico no quadriênio 2023-2026, tendo como pressuposto a resiliência às mudanças climáticas e à superação da pobreza. Entre os principais temas debatidos na reunião, estão o desenvolvimento de um modelo sustentável para o agronegócio e mineração, a transição do uso equilibrado e produtivo da terra, a floresta em pé como ativo econômico e a bioeconomia para fomentação da economia e geração de empregos sustentáveis.

O economista e especialista José Scheinkman também reforçou a importância da criação de um planejamento a longo prazo, que reúna em sua construção a academia, setor produtivo e público.

“Nos últimos 50 anos, desmatamos a Amazônia e temos hoje 80 milhões de hectares de terra abandonadas ou subaproveitadas. Mais de 80% dos trabalhadores são informais e recebem menos que um salário-mínimo. No Pará, a situação é ainda pior, sendo 90% dos trabalhadores neste setor. Calcula-se que a um preço que a agropecuária não é competitiva na Amazônia, o que significa que devemos parar de desmatar a Amazonia e reflorestar”, explicou Scheinkman.

“Temos que considerar a Amazônia nos seus vários aspectos, ou seja, desde as atividades tradicionais até o novo. Agora, pensando na transição, coloco que a lei do financiamento da transformação das atividades coletivas tem que visar muita ciência e tecnologia na Amazônia, principalmente no que diz respeito a biologia sintética, a qual hoje é um grande asset da nova Amazônia 4.0”, complementou o economista Sérgio Besserman.

A Comunitas recebeu o convite para suporte técnico do plano de transição de desenvolvimento regional amazônico, após a realização do evento Encontro de Líderes 2022, que reuniu empresários, especialistas e líderes públicos para debater os desafios e oportunidades da transição energética. A organização, que fomenta e fortalece um pacto coletivo entre setores para o desenvolvimento sustentável do Brasil, é parceira do governo do Pará desde 2020, quando auxiliou o projeto de modernização da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado (SEMAS), o que reduziu o estoque de solicitação de licenças e proporcionou um aumento de 30% na produção de atos autorizativos.

Participantes – Participaram da agenda de trabalho membros do Poder Executivo Estadual paraense e da Amazônia Legal, representantes da Organização Comunitas e seus especialistas parceiros, como os economistas José Scheinkman e Sérgio Besserman. Também estiveram presente os integrantes  do grupo técnico de Desenvolvimento Regional da equipe de transição do governo Lula, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e  o  ex-governador do Ceará e senador eleito Camilo Santana, além dos representantes do setor produtivo paraense constituídos pelas Federações da Agricultura e Pecuária do Pará (Faea);  das Indústrias do Pará (Fiepa); do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Pará (Fecomércio) e as Associações  Comercial (ACP) e de Supermercados (Aspas).

Amazônia Legal – O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal é formado pelos nove estados amazônicos: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Os nove estados ocupam 59% do território brasileiro com uma população de mais de 29,3 milhões de pessoas. O CAL tem a missão de acelerar o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal de forma integrada e cooperativa, considerando as oportunidades e os desafios regionais e seu objetivo é ser referência global em articulação, estratégia e governança para transformar a Amazônia Legal em uma região competitiva, integrada e sustentável, até 2030.

Reprodução: Agência Pará

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